Barolo I
De uma das principais regiões produtoras Italianas, o Piemonte (norte da Itália), vem este que, junto com o Brunello de Montalcino da Toscana, é um dos grandes ícones de nossa vinosfera. Definido pelos Piemonteses como o rei dos vinhos e vinho dos reis, é elaborado com a uva Nebbiolo cultivada em vinhedos de uma restrita área de colinas que se estende por 11 vilarejos da província de Cuneo, entre elas Barolo, Serralunga d’Alba e La Morra (clique no mapa para ver região). Pelo caráter peculiar de vinho, pela área restrita de vinhas, e diversidade de terroirs, é um vinho caro tendo por característica o fato de serem vinhos concentrados, robustos, austeros que necessitam de tempo de envelhecimento e aeração para serem devidamente apreciados. Pela legislação da DOC (Denominazione di Origine Controllata), o Barolo envelhece por pelo menos três anos, sendo dois em tonéis de madeira, sendo que muitas casas produtoras ainda o deixam por um a dois anos em caves após engarrafamento.
Com abundancia de taninos potentes, típicos da uva nebbiolo, é um vinho com características duras, muita estrutura e de enorme complexidade devendo sempre acompanhar uma refeição com peso idem, em especial pratos de carne. Até pouco tempo atrás, um excelente Barolo necessitava de uns dez anos de guarda e decantação por seis, dez, até 24 horas para que toda a sua exuberância pudesse ser devidamente mostrada e apreciada. Hoje em dia isto ocorre com cada vez menos assiduidade já que grande parte dos produtores modernizaram sua forma de produzir o vinho com novas técnicas de vinificação, introduzidas na região a partir dos anos 80, gerando vinhos mais amenos e prontos para tomar mais cedo. Hoje em dia a produção se divide entre produtores mas clássicos e tradicionais, e aqueles de estilo mais moderno. Cada um a seu estilo, mas certamente ambos produzindo excelentes vinhos. Em qualquer dos casos, vinhos que requerem paciência com, pelo menos, uns cinco a seis anos de guarda quando começarão a mostrar toda a sua exuberância aromática e complexidade de sabores.
Nestes últimos sessenta dias, tive oportunidade de provar uma meia dúzia de rótulos e iniciar meu aprendizado nos vinhos Piemonteses, em especial o Barolo. Primeiramente dizer que me ficou muito clara as diferenças nos vinhos causado pelos diferentes terroirs, segundo, que me encantei pela complexidade descoberta. Dizem não ser um vinho fácil que requer alguma litragem para ser melhor entendido, mas tenho que reconhecer que não me foi difícil entendê-lo só lamentando não ter podido acompanhar estes vinhos com um prato que lhes fizesse jus. Pelo que li, é parceiro ideal para carne assada, um ensopado, carnes grelhadas e por aí afora. Pessoalmente, penso que talvez um ensopado de carne com batatas, deve ser a perfeição e aí, penso naquele Javali na Pucura com Castanhas que comi no 1715 em Ribeira da Venda em Portugal, e BINGO!!! De qualquer forma, já me encantei assim mesmo com estes vinho tomados solos num estilo mais moderno, mais prontos para beber.
No Decanter Wine Show, tive oportunidade de provar os vinhos de Pio Cesare um dos principais e antigos produtores e negociantes da região do Piemonte. Entre os vinhos provados, o Barolo Ornato 03, criação top do produtor e, efetivamente, um grande vinho. Ainda austero fechado, teria se beneficiado muito de uma decantação de algumas horas, mas já mostrou uma ótima paleta aromática muito frutado com algumas nuances florais que não consegui identificar. Na boca é denso, carnoso, untuoso, taninos ainda firmes porém sem qualquer agressividade, complexo sabor de frutas maduras com algo terrososo e alguma presença de especiarias, terminando em um longo final de boca em que aparecem elegantes toques de baunilha. Uma criança que necessita de mais tempo, devendo crescer muito ainda nos próximos quatro a cinco anos adquirindo maciez e elegância. Na Decanter por R$413,50.
Do mesmo produtor, o Barolo 03, um “básico” da região. De grande intensidade aromática, perfumado, na boca é cheio, encorpado, taninos finos e macios, bem equilibrado, final de boca muito agradável com um retrogosto que me lembrou especiarias. Não tem a mesma complexidade do Ornato e é um vinho um pouco mais pronto a tomar apesar de que se beneficiará muito com mais uns dois anos de garrafa. Na Decanter por R$310,50.
Amanhã veremos a seqüência dos Barolos provados. Como disse no inicio, não são muitos, mas são vinhos que me fizeram mudar alguns conceitos ou, talvez, preconceitos para com os vinhos Italianos em geral. Aliás, estes vinhos não foram os únicos, pois diversos outros rótulos mexeram com minhas emoções. Tudo isto veremos ao longo do mês.
Salute e Kanimambo.
Gostaria de saber sobre as particularidadesda colheita e dos processos de envelhecimento, vinificação e decantação do Barolo.
Oi Ana. Tua pergunta é muita areia para o meu caminhãozinho. Essa terás que remeter a um enólogo, ou fuçar mais na rede e, especialmente, nos livros. Sorry, mas não tenho como te ajudar nessa a não ser com relação à decantação que dependerá da qualidade e idade do vinho. Em principio, umas duas a três horas é o conveniado, tem gente que dependendo do vinho abre num dia e toma no outro, outros recomendam de 8 a 10 horas, mas tudo isso é muito subjetivo. Já abri um Barolo de cerca de 5 anos, decantei por uma hora e estava no ponto, assim como abri uma outra de sete anos que ficou duas e ainda estava muito fechado e duro!
Abs
Olá!
Recentemente adquiri um Veglio Barolo 2007. É a primeira vez que compro um vinho de guarda, apesar de este ainda ser relativamente recente (2007). Você acha que uma hora de decantação está bom? Quais outras dicas você poderia me dar?
Obrigado.
Oi Wagner, por acaso conheço esse vinho. Não é de primeira linha, porém é gostoso e ma introdução a esse mundo dos Barolos. Não é um vinho de longa guarda e acredito que com uma hora de degustação já estará pronto, se não um pouco menos.
Muitíssimo obrigado pela resposta!
Seu blog é demais! Principalmente para quem é iniciante na arte de degustação …
Valeu!
Olá João, comprei duas garrafas de vinho, um BAROLO DOCG safra 2010 e outra um BARBARESCO DOCG 2011 ambos do produtor PRUNOTTO , gostaria de saber o tempo de guarda ideal para os dois, e também para decanta los.
Abs.
Olá Rafael e desculpe o atraso na resposta. A importadora ou o site do produtor te poderão informar melhor, mas pelo que sei desses vinhos e produtor, podes estar tranquilo durante os próximos cinco anos se aguentares tudo isso! rs Quanto a decantá-los, isso é uma outra conversa e não poderei te dizer muito. Quanto mais cedo os abrires, teoricamente mais necessidade haverá de aerá-los por um tempo e quanto mais velhos eles foram mais necessária será a decantação em função de eventual acumulo de borra, porém a aeração deverá ser curta pois o vinho já deverá estar mais equacionado.Tudo é um pouco relativo, pois não conheço os vinhos em si e cada um prefere o vinho de um determinado estilo, por isso sempre digo que esta não é uma ciência exata! Abraço
BOM DIA ! COMPREI UM BAROLO E ESTOU PREOCUPADO POIS AINDA N�O TENHO UMA ADEGA CLIMATIZADA, ESTA FAZENDO MUITO CALOR, POSSO DEIXAR ESSA GARRAFA NA GELADEIRA ? MESMO QUE SEJA POR MUITO TEMPO ?
Miguel, por muito tempo não me parece adequado devido ao excesso de umidade, luminosidade, movimento e estar em contato com alimentos. Óbvio que depende do Barolo e da safra (quanto tempo vc vai guardar), porém em sendo um vinho top, melhor buscar comprar uma adega, mesmo que pequena se não quiser gastar muito. Por outro lado, como opção, sugiro que encontre na casa um canto escuro e fresco onde pouca gente circule, pode ser uma melhor opção.
MUITO OBRIGADO PELA DICA ! VOU PROVIDENCIAR UMA ADEGA CLIMATIZADA
Tenho um Barolo LAzzarito 2008.
Quanto tempo devo decanta-lo e qual prato seria dua sugestão para harmonizar?
Parabéns pelo site.
Olá Emerson, não conheço o vinho então fica díficil te ajudar. Vais ter que abrir para saber, até porque os vinhos evoluem de forma diferente na garrafa e da forma como foram estocados. Para harmonizar eu gosto de pratos de carne com maior sustança, no molho como um Ossobuco, rabada desfiada sobre uma cama de polenta mole, Ragu de ossobuco, javali na panela e por aí afora. Bom proveito!