Vinho do Porto II

                 Hoje continuamos nossa viagem pelos Vinhos do Porto falando dos Tawnies, um outro estilo de vinho mas tão divino quanto o Ruby. Em Portugal, os vinhos mais vendidos são os tawny. Prove você, e escolha o seu estilo. Eu adoro sentar na sala após uma refeição, e tomar um cálice de um bom Porto Ruby, se possivel o LBV ou Reserva, com um pedaço de chocolate meio-amargo. É um grande final do dia. Dos tawnies gosto mais dos reservas, já que os de Indicação de idade e colheita são caros para o dia-a-dia, especialmente nas festas de final de ano acompanhando panettone e bolo rei, mas não só. Bem, chega de devaneios, falemos dos tawnies:

   Tawny – Da mesma forma do Ruby existem diversas categorias. Seu processo de envelhecimento é realizado em pipas 550 litros onde permanecem pelo tempo determinado pelo IVP conforme a categoria do produto que se quer elaborar. Apesar da oxidação que se busca neste estilo de vinho se dar de forma mais rápida nas pipas, alguma parte do vinho poderá ser envelhecida em balseiros. Pelo maior contato com a madeira e maior oxidação, o vinho adquire uma cor mais aloirada e com aromas diferenciados dos Ruby. Nos Tawny, se sentem mais aromas tostados, chocolate, café, frutas secas e amêndoas. Servido levemente refrescado, uma ótima companhia para um panettone e doçes conventuais Portugueses à base de ovos e amêndoas!

Os Colheita são tawny de uma única safra envelhecido em pipas por, no mínimo, sete anos. Os de maior qualidade entre 12 a 15 anos, quando não mais. Vinhos de grande complexidade no nariz e na boca. Depois de abertos, poderão se manter relativamente bem por um período de um a quatro meses. Quanto mais idade tenham, mais aguentam, mas se você demorar mais que uma semana ou duas para tomar a garrafa, se tanto, ou existe algo de errado com o vinho ou com você!

Os de Indicação de Idade, Tawny 10, 20, 30 ou mais de 40 anos, são uma mescla de vinhos de diversas safras que estagiam em madeira durante períodos de tempo variáveis, nos quais a idade mencionada no rótulo corresponde à média aproximada das idades dos diferentes vinhos participantes do lote, apresentando características inerentes a um vinho dessa idade. Não, necessariamente, tenha sido todo o lote envelhecido por esse tempo mencionado. Nunca tomei os de 30 e mais anos, mas já degustei alguma preciosidades de 10 e 20 anos, são grandes vinhos. Pela alquimia na elaboração de um destes deliciosos vinhos, diz-se que um tawny destes é feito pelo homem com a ajuda de Deus, enquanto um Ruby Vintage é feito por Deus com a ajuda do homem. O tempo de durabilidade do néctar, depois da garrafa aberta, segue os mesmos parâmetro dos Colheitas.

Tawny Reserva, são uma mescla de vinhos de diversas safras que, obrigatoriamente, passem por um mínimo de 7 anos em pipas. Depois de abertos, se mantêm bem por cerca de três a quatro semanas. Se na geladeira um pouco mais.

Tawny básico são elaborados com vinhos de diversas safras e envelhecimento em pipas por um período de dois a três anos, podendo eventualmente também passar um tempo em balseiros. Dependendo da casa produtora, o vinho envelhece por bem mais anos, caso do Quinta de Baldias que envelhece por oito anos antes de ser engarrafado. Neste caso, depois de abertas as garrafas, o recomendável é tomar dentro de umas seis a oito semanas. Por experiência própria, todavia, já tive alguns poucos casos, já que é anormal um Porto durar tanto aqui em casa,  em que deixei a garrafa na geladeira com vacuo-vin e fui consumindo ao longo de um puco mais de dois meses sem que a evolução significasse uma grande perda de suas características.

                      Os Vinhos do Porto se produzem ao longo do Rio Douro e, antigamente, desciam o rio em barcos chamados Rabelo, até Vila Nova de Gaia onde o envelhecimento dos Vinho do Porto era obrigatoriamente feito nas caves dos produtores. Vila Nova de Gaia se situa em frente à cidade do Porto por onde eram exportados os vinhos. Apesar de muitos produtores já envelhecerem seus vinhos em suas próprias instalações nas suas vinícolas, muito ainda segue sendo transportado, hoje por ferrovia e rodovia, para as caves, muitas delas centenárias, em Vila Nova de Gaia. Para quem vai a Portugal e à cidade do Porto, uma visita é obrigatória e inesquecível. Apesar da forte pressão por modernização na produção dos vinhos, muitos produtores ainda usam métodos tradicionais como a pisa a pé nos lagares de pedra ou granito, realizada normalmente por volta do mês de Setembro. Existe uma áurea de cultura e tradição á volta do Vinho de Porto e é comum que vinhos Tawny Colheita ou Vintages, sejam presenteados quando uma criança nasce para que seja aberto quando faça 50 anos momento em que se espera que ambos, vinho e pessoa, estejam no auge de seu amadurecimento.

                 Como apaixonado que sou pela região e, em especial, pelos Vinhos do Porto, me sinto um privilegiado por ter podido visitar as cidades do Porto e Vila Nova de Gaia e fazer provas nas caves. Posso afirmar, sem qualquer sombra de duvida, é uma emoção muito especial e inesquecível. Boa comida, bons restaurantes e tascas, ótimos vinhos do Douro, simpatia do povo, maravilhosos Vinhos do Porto, cenários idílicos ao longo do Douro, Cais da Ribeira certamente uma região imperdível numa eventual visita a Portugal. Das Caves, minha preferência ficou para a da Barros, muito antiga, e da Croft. Tendo tempo, há muito que ver e degustar. Aí, desçam ao cais para comer maravilhosamente com uma linda vista do cais da Ribeira e cidade do Porto, e recuperar energias no popular restaurante do Adão, no sofisticado Tonho’s ou no Tromba Rija. Comida para diversos gostos e diversos tamanho de bolso.

Para informações mais detalhadas, inclusive com dicas de provas e visitas às caves, visitem os sites www.ivdp.pt , http://www.cavesvinhodoporto.com,  http://www.aevp.pt, http://www.theportwine.com bom local para compra também, http://www.portoturismo.pt/index.php?c=3&m=7&s=7 e http://www.rvp.pt ou comprem o livro do Carlos Cabral (http://www.carloscabral.com.br/04livros.htm), talvez o maior  expert de Vinhos do Porto fora de Portugal.

[youtube=http://youtube.com/watch?v=HHPkmW-HkUg] 

Este anuncio dos Vinhos do Douro, em que se incluem os Vinhos do Porto, é de uma criatividade e sensibilidade únicas. Adorei e acho que você também gostará.

[youtube=http://youtube.com/watch?v=-Qh0oWM4jBM&feature=related]

Noticias do Front II

                   Ontem não fui na Expovinis. Fui a uma feira de vinhos biodinâmicos conhecer o que é e como são esses vinhos. Depois conto um pouco do que é este conceito, quais as diferenças com os orgânicos e os vinhos normais que estamos habituados a tomar. Por enquanto somente uma noticia de que estamos por receber diversos novos rótulos no mercado. Entre eles; um Italiano genial, do conceito ao rótulo da garrafa, Cascina Degli Ulivi, um Português da região do Minho, Quinta de Covela e um Francês o Domaine A. et P. de Villaine. Dos já existentes por aqui, três vinícolas fantásticas; as Nikolaihof  Wachau Austríaca (Porto a Porto) e Domaine Marcel Deiss (Mistral) + a Zind Hundbrecht  (Expand) da região da Alsácia na França, que trabalham somente vinhos brancos , e que vinhos, e o Chateau le Puy de St. Emilion em Bordeaux (World Wine) com dois vinhos tintos maravilhosos e muita tradição na bagagem. Não poderia deixar de mencionar a De La Croix que levou seus principais vinhos, com menção honrosa para um divino e delicioso Sauterne que não acaba nunca, Chateau Rousset Peyraguey. Todos verdadeiramente apaixonantes! O triste é que os preços são um poucos salgados, mas depois falamos disso, agora vamos só aproveitar. Uma pena que não deu tempo para ver e provar todos. Ainda acho que estes eventos que reunem 40 produtores, cada um com seus cinco ou seis destaques, deveriam ser de dia inteiro com uma opção de almoço para recarregar as baterias. É muita coisa junta que necessita de tempo para ser devidamente conhecida e apreciada. Enfim, prometo contar mais detalhes ao longo das próximas semanas.

                Alguns outros destaques da Segunda-feira na Expovinis, com preços de referência:

  • Dal Pizzol Espumante Rosé, delicioso e, para o meu gosto, o melhor nacional batendo a grande maioria dos importados R$40,00. Um ótimo Sauvingon Blanc, lançamento e ainda muito novo, muito agradável e fresco por R$32,00.
  • Marson Reserva Cabernet Sauvignon e Gran Reserva, dois belos vinhos demonstrando que bons vinhos não necessitam, obrigatoriamente, de serem caros. Por R$32,00 e 55,00 respectivamente.
  • Boscato Gran Reserva Cabernet Sauvignon 2002, um grande vinho de primeiríssimo nível tendo conquistado prêmio como melhor vinho Nacional na feira. Poreço ao redor de R$120 a 130,00.
  • Baldia Porto Tawny (Lusitana), um tawny básico diferenciado já que fica por oito anos em barrica. Delicioso e um dos meus preferidos por R$57,00. O Ruby também é muito bom e está por R$53,00.
  •  Dão Garrafeira 2003 da Quinta Mendes Pereira (Lusitana), uma bela surpresa. Vinho com ótima paleta aromática, boa estrutura e muito elegante para tomar agora e guardar. Preço R$84,00.
  • Quinta da Neve Pinot Noir 2006 e Cabernet Sauvignon 2005, Santa Catarina. Dois belíssimos vinhos sendo que o Cabernet está mais pronto que o Pinot. Este ultimo com bastante tipicidade bem mais no estilo dos vinhos da Borgonha do que estamos acostumandos a ver por aqui na América do Sul. Respectivamente R$52,00 e R$39,00.
  • Tenuta Silvio Nardi Brunello de Montalcino Manachiara 2001 (Ana Import). Sempre buscamos preço com bons vinhos. Bem, nem sempre este binômio é viável quando se trata de grandes vinhos como este é. O vinho é espetacular e o preço, há que se encarar a realidade, acompanha R$430,00. Para quem tem bala na agulha, um vinhaço.
  • Il Balzzani (Flora). Um vinho italiano muito agradável do qual, lamentavelmente, não obtive preços e maiores informações. Ainda correrei atrás.

               Hoje tem mais Expovinis e volto amanhã, mesmo sendo feriado, com mais noticias do front. Mais tarde, a segunda parte da matéria sobre os Vinhos do Porto. Agora, fiquem com a lista dos TOP 10, que para variar são 11, já escolhidos pelo júri da feira comandado pelo experiente Jorge Lucki.:

Categoria: Espumantes:

Vinho: Champagne Drappier La Grande Sendrée

Amostra: 15

Safra: 2000

Produtor: Drappier

Região: Champagne

Importador: Zahil

 

Categoria: Sauvignon Blanc

Vinho: Casa del Bosque Reserva

Amostra: 2

Safra: 2007

Produtor: Casa del Bosque

Região: Vale Casablanca / Chile

Importador: Obra Prima

 

Categoria: Chardonnay

Vinho: Reserva Especial

Amostra: 5

Safra: 2005

Produtor: Cordilheira de San’tana

Região: Campanha / Brasil

Importador:

 

Categoria: Brancos de outras castas

Vinho: Petaluma Riesling Clare Valley

Amostra: 3

Safra: 2005

Produtor: Petaluma

Região: Clare Valley / Austrália

Importador: KMM

 

Categoria: Rosé

Vinho: Château de Pourcieux

Amostra: 9

Safra: 2007

Produtor: Château de Pourcieux

Região: Côtes de Provence / França

Importador: Vins de Provence/Cantu

 

Categoria: Tintos Nacionais

Vinho: Rio Sol (CS e Shirah)

Amostra: 7

Safra: 2006

Produtor: Vitivinícola Santa Maria

Região: Lagoa Grande, Pernambuco / Brasil

Importador:

 

Categoria: Tintos Nacionais

Vinho: Marson Gran Reserva Cab Sauvignon

Amostra: 23

Safra: 2004

Produtor: Marson

Região: Cotiporã, Serra Gaúcha/Brasil

Importador:

 

Categoria: Bordalescas

Vinho: Urano C.S

Amostra: 4

Safra: 2006

Produtor: B. Eral Bravo

Região: Mendoza / Argentina

Importador: Pro Mendoza

 

 

Categoria: Tintos Novo Mundo

Vinho: Kilikanoon Covenant Shiraz

Amostra: 5

Safra: 2004

Produtor: Kilikanoon

Região: Clare Valley/Austrália

Importador: Decanter

 

Categoria: Tintos do Velho Mundo

Vinho: Quinta Nova Grande Reserva Douro

Amostra: 5

Safra: 2005

Produtor: Quinta de Nossa Senhora do Carmo

Região: Douro / Portugal

Importador: Vinea Store

 

Categoria: Doces (licorosos e fortific.)

Vinho: Grandjó Iate Harvest

Amostra: 1

Safra: 2005

Produtor: Real Cia. Velha

Região: Douro / Portugal

Importador: Barrinhas

 

 

Noticias do Front – “Storia” da Valduga

                 Oi pessoal, ontem passei boa parte do dia peregrinando pelas ruas da Expovinis buscando descobrir novos vinhos de qualidade, rever alguns amigos, repassar outros vinhos e acompanhando alguns lançamentos. Uma loucura! Hoje e amanhã tem mais, depois farei um post com os principais destaques que tive o privilégio de provar. Para já, só para ir adoçando a boca dos amigos, fui um dos poucos afortunados a ser convidado para o lançamento oficial do novo vinho da Valduga que somente deverá começar a ser vendido dentro de uns três meses.

 

“STORIA”

 

um símbolo da história da família Valduga e do vinho no Brasil. Um vinho de grande qualidade para comprovar que a Merlot é sim a grande uva Brasileira, que a safra de 2005 foi excelente e de que o Brasil é capaz de produzir ótimos vinhos tintos. Ainda fechado, taninos maduros ainda bem presentes e adstringentes, com ótima estrutura, bom equilíbrio, longo final de boca e uma paleta de aromas que prometem muito. Parece-me que fiquei frente a frente com um grande vinho e quem o guardar por uns dois a três anos poderá comprovar, pois é um vinho que promete uma enorme evolução. Como foram produzidas somente 6000 garrafas, fique de olho e assim que as vir nas lojas, compre umas duas ou três para poder acompanhar seu crescimento. Tome uma por agora no final do ano, outra ao final de 2009 e a ultima ao final de 2010, será uma grande e, de certo, deliciosa experiência. Salute e kanimambo.

Vinho do Porto I

                  Este mês, dentro de nossa volta ao mundo pelos países produtores, previa falar dos vinhos da França. Já tinha uma série de vinhos listados e parte da matéria pronta, mas recebi mais de 30 novos rótulos para provar, sem contar os que ainda estão por chegar, e achei que não seria justo para quem me enviou os vinhos e para com você, caro leitor amigo, correr com a avaliação. Por outro lado, a França talvez seja dos países mais complexos para se falar de vinhos. Tanto que, a principio, decidi que irei falar dos vinhos Franceses por dois meses seguidos, tamanho o número de rótulos interessantes e regiões sobre as quais falar. Neste mês de Maio, mês especialíssimo em que se comemora o dia das Mães, falaremos dos Vinhos do Porto, umas das minhas paixões, e suas características. Em Junho e Julho, retomando a viagem, falaremos sobre a França e suas regiões produtoras; um mar de opções, estilos e preços. Lancei alguns desafios aos importadores e lojas no sentido de encontrar bons vinhos com preços baixos, coisa difícil nos vinhos Franceses que por cá perambulam, vamos ver no que vai dar. Acho que poderemos ter diversas surpresas agradáveis!

                Vinho do Porto, um dos vinhos mais antigos do mundo e de enorme capacidade de guarda dependendo da categoria. Um grande vinho Vintage, é para se tomar com mais de 20 anos quando começa o seu período de maturidade e é vinho para 50, 70, 80 anos de vida, e mais um pouquinho ainda se for de uma grande safra e de respeitado produtor. A característica do Vinho do Porto é de ser um vinho elaborado com uvas da região que, no meio do processo de fermentação, lhe é adicionado aguardente vínica, interrompendo o processo, o que faz com que o açúcar que iria se converter em álcool permaneça no vinho lhe deixando um residual de doçura. É um vinho fortificado, generoso como é chamado em Portugal, que fica com um nível de teor alcoólico entre 19 a 22º. No caso dos brancos, um pouco menos, algo próximo a 17º.

                  Vinho do Porto não é todo igual, e isso é que buscarei mostrar aqui, junto com algumas sugestões de bons vinhos a preços que caibam no seu bolso na seção Tomei e Recomendo que publicarei mais tarde, ao longo da semana, Expovinis permitindo. Por exemplo, você sabia que o Vinho do Porto é produzido na região do Douro, norte de Portugal, e que esta foi a primeira região demarcada do mundo, em 1756? Mas quais os tipos de Vinho do Porto produzidos? Apesar do grande consumo no Brasil e o grande aumento de demanda que, de 2003 para 2007 cresceu 100% atingindo um total de mais de um milhão e cem mil garrafas, pouco se conhece sobre os estilos do vinho produzidos. O que é um Tawny, um Ruby, Colheita, Vintage, LBV, Reserva, etc. Na maioria das vezes simplesmente se compra um Porto sem conhecimento de causa. Existem Portos para tudo o que é gosto, momento e preço. Quando se prova um vinho do porto de qualidade, jamais se esquece!

                 Existe o tipo Branco, mais suave e menos comum por aqui. Este pode ser seco, doce ou meio-doce normalmente produzido com um corte das castas Malvasia Fina, Rabigato, Viosinho, Gouveio e Códega. È o de menor consumo e, em Portugal se tornou muito comum sendo preparado como um drink na forma de um Portônica. Uma dose de Porto branco seco, casquinha de limão, gelo e tônica a gosto. Super referescante e saboroso, ótimo para ser servido como aperitivo.

                 Dos tintos existem basicamente dois estilos, o Tawny que é aloirado na cor, e o Ruby, de um vermelho mais intenso, cada um deles com algumas variáveis e características próprias conforme demonstrado abaixo. As uvas usadas na elaboração dos vinhos são a Touriga Nacional, Tinta Barroca, Tinta Roriz (tempranillo), Tinto Cão, Tinta Amarela e Touriga Franca ou Francesa. A grande maioria dos vinhos exportados é tinto e o Brasil é hoje o 11º país importador em valores totais. Os maiores consumidores mundiais, na ordem de valor são; França, Portugal, Holanda, Reino Unido e Bélgica que totalizam cerca de 80% do consumo. Não por acaso, são os países Europeus de maior migração Portuguesa.

               Ruby – Envelhece, inicialmente, em balseiros de mais de 5000 litros (existem balseiros de 20 até 50.000 litros) por um mínimo de dois anos quando o produtor testa seus vinhos para ver o quanto ele evoluiu e se está apto, em função da qualidade, a ser declarado um Vintage, top da linhas dos Vinhos do Porto. Caso ache que o vinho tem esse potencial, terá que apresentar o pleito, e amostras, ao Instituto do Vinho do Porto que ratificará, ou não, a declaração de Vintage. Se ratificado, o vinho será engarrafado de imediato e sem filtragem, ficando em caves por um curto espaço de tempo para aclimatização, e rapidamente colocado no mercado onde irá envelhecer nas adegas e caves de lojas, distribuidores, importadores e, porquê não, na sua casa. Neste caso o envelhecimento se dará na garrafa. A ratificação de vintage poderá ser dada somente a alguns produtores e, em caso de grandes safras como 1994, 2000 e 2003 , dizem que também a de 2005, o Instituto poderá declarar a safra como Vintage, o que configura os vinhos como de Vintage Clássico,  após a solicitação da grande maioria dos associados e confirmada/ratificada a qualidade dos produtos apresentados. De qualquer forma, a solicitação de Vintage parte sempre do produtor junto ao instituto, que fiscaliza detalhadamente os produtos e produtores garantindo que os níveis de qualidade exigidos sejam cumpridos. São vinhos que podem podem ser tomados de imediato, pois ainda retém um pouco da fruta e da juventude, mas se passar de uns dois ou três anos dependendo do produto, o vinho se fecha e fica difícil de beber, voltando a estar pronto a beber e com muito mais complexidade, a partir dos 10 ou 15 anos de garrafa. Os Single Quinta Vintages, são produtos elaborados com uvas vindas de uma só propriedade com características próprias do terroir. Os Americanos gostam de tomar os Vintages novos com bastante potência, os Ingleses preferem-no mais velho e maduro com mais elegância, questão de culturas e gostos. Por suas características e idade, o vinho dever ser decantado para subtrair as borras e bebido logo, não devendo ser guardado depois de aberto já que se oxidará. Um néctar próprio para grandes eventos e meu favorito!

Quando os vinhos nos balseiros, não atingem qualidade de Vintage, eles podem permanecer por mais uns três a quatro anos no balseiro para serem posteriormente engarrafados, com ou sem filtragem, já vindo para o mercado pronto; são os LBV (Late Bottled Vintage). Normalmente são engarrafados entre quatro a seis anos após a colheita, dependendo do produtor e do produto pretendido. Alguma melhora ocorre com o tempo na garrafa, em geral por uns três a cinco anos e quando aberto deverá ser consumido no dia ou no máximo em uns três ou quatro dias, eventualmente uma semana se usado o vacu-vin. Em ambos estes casos, os vinhos são fruto de uma só colheita. Na falta do Vintage, o LBV é uma grande opção por uma fração do preço.

O Character, ou Reserva, é uma mescla de vinhos de diversas safras que ficam em balseiros entre 4 a 6 anos quando é engarrafado e colocado no mercado pronto para beber. Neste casos, pode-se consumir o vinho em até umas três ou quatro semanas desde que guardado com vacu-vin na geladeira, sem grandes alterações na qualidade. Existem produtos de grande qualidade e ótimo preço que merecem ser conhecidos.

Finalmente ou Ruby básico que é uma mescla de vinhos de diversas safras envelhecido em Balseiros por um período de cerca de 3 anos. Não melhora na garrafa e vem pronto para beber. Depois de aberto poderá se manter, relativamente bem, por umas quatro a seis semanas desde que guardado na geladeira com o uso de vacuo-vin. Neste segmento, existe de tudo no mercado e há que se ter um pouco de cuidado na escolha.

Os vinhos Ruby, por seu pouco contato com a madeira, são vinhos tradicionalmente mais encorpados, densos, cor vermelho escuro (daí o nome), levemente doces e com aromas de fruta bem presentes.

O mês de Maio é, também, o mês das noivas e acho que um brinde com Vinho do Porto é o que há! Um bom LBV ou Reserva Ruby, representando a longevidade e a evolução que se esperam do enlaçe entre duas pessoas que se amam, tem tudo a ver. Na Quarta-feira, complementarei este post com mais informações sobre a região e, especialmente, sobre os vinhos de estilo Tawny. Posteriormente, algumas dicas de ótimos produtos em Tomei e Recomendo. Aguardo você por aqui. Salute e kanimambo.

Heaven, I’m in Heaven ………

                  Ontem tive o prazer de provar alguns vinhos ícones que jamais pensei seria possível, pelo menos não tão já. Depois falo um pouco desse privilégio vivido, e a Expovinis ainda nem começou! Enquanto estava lá olhando e, degustando néctares como; Champagne Gosset Brut Grand Millesime 99, Taitinger Brut, Brunello di Montalcino de Casanova di Néri, Elderton Ashmead Cabernet Sauvignon, Bodega Marqués de Murrieta Reserva, Roda I, Seña, Don Melchor, Família Deicas 1er Cru Garage Tannat, Guigal Chataueneuf, Sassicaia e depois alguns magníficos Portos como o São Lourenço Tawny 20 anos, ou Quinta da Pacheca Vintage 2003, Quinta da Gricha Vintage 1999 ou ainda o Quinta do Estanho Porto entre inúmeros outros néctares divinos,  me veio um pensamento á cabeça, quanta abundância e quão pouco tempo!

                 Naquela hora, refletindo sobre tudo o que via e tudo o que degustava, senti uma felicidade danada e, com ela, me veio o título deste post com a respectiva musica tema, à mente. Me senti no paraiso (céu) e, do lado deste pequeno gafanhoto (lá vou eu traindo a idade novamente), gente como Arthur Azevedo, Luiz Horta, Álvaro Galvão, Pagliari, Gustavo A. de Paulo (novo e simpático presidente da ABS) entre outros craques do setor. Como o Gustavo disse, alguns desses néctares são para se referenciar de joelhos e só não o fizemos por pura inibição! Sou, realmente, um felizardo por poder estar vivendo estas experiências. Heaven, I’m in Heaven …….

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Por hoje é só, Domingo descanso e retorno Segunda com uma matéria especial sobre Vinhos do Porto. Abraço, salute e kanimambo.

 

 

Um aperitivo

                   Estou correndo, mais tarde vem mais, mas eis um aperitivo para o fim de semana. Lamentavelmente não pude assistir ao show deste pequeno grande interprete Francês. Minha homenagem a quem gosta de boa musica e a ele, Charles Aznavour! Para você viajar por dois lugares imperdíveis, Paris e Veneza.  Bon Voyage e salute!

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Sur Lie, que bicho é esse?

O que é Sur Lie? São diversas as avaliações e provas de vinhos, em que vinhos “Sur lie” são analisados e comentados,  ficando por isso mesmo, como se o termo fosse de domínio publico. Pois bem, de 15 pessoas apreciadoras e “tomadoras” de vinhos pesquisadas, 12 não tinham idéia do que o termo significa, uma quase acertou e duas sabiam. Dentro esse grupo tinha gente de todas as áreas, mas todos tomam vinho regularmente há bastante tempo. Como acabei de publicar um post de um vinho “Sur Lie”, achei por bem falar um pouco sobre o tema. Afinal,  que bicho é esse?

Bem, de forma simplista e resumida, este não é um blog de enologia, durante e após a fermentação é formado um residual de células de leveduras (formado por bitartarato de potássio, tartrato de cálcio, proteínas coaguladas con tanino, substâncias pécticas e celulas de leveduras e bactérias) o que, em Português, chamamos de Borras.  Normalmente os vinhos ficam com pouco contato com esses resíduos, sendo logo filtrados ou não, depende da proposta do vinho. Nos casos dos vinhos Sur Lie, eles são deixados em contato com estas borras (lie em Francês e lees em Inglês) durante um tempo maior, sendo regularmente “mexido” o que os técnicos chamam de bâtonnage. Com este período de tempo Sur Lie (sobre as borras), que pode ser de vários meses dependendo do que o enólogo tem de objetivo, se pretende que o vinho ganhe complexidade, sabor e corpo. Tradicionalmente este processo Sur Lie é aplicado somente em vinhos brancos e um bom exemplo desse “ganho” obtido com o processo é provar um Muscadet e um Muscadet Sur Lie do Loire, a diferença é absurda! Acho que é isso, se houver quem queira acrescentar algo, por favor fique á vontade. Este espaço é para isso mesmo, compartilhar conhecimento. Salute e kanimambo.

Fonte: https://www.winemakermag.com/stories/issue/article/issues/116-aprmay-2010/924-sur-lie-wine-kits

Post revisado devido a um toque recebido da Cris Vilas Boas através de seu comentário abaixo.

De Wetshoff Estate – Chardonnay

                   O amigo e profundo conhecedor de vinhos, Luiz Horta, me sugeriu alguns vinhos Sul Africanos, entre eles o Pinotage da Robertson Winery e o Chardonnay Lesca da “De Wetshof Estate”. Na verdade, o grupo produtor é o mesmo, só que são diferentes conceitos e linhas de vinhos. Eu, que nunca me encantei com os vinhos elaborados com a casta Pinotage, uva símbolo da África do Sul, achei uma delicia, fácil de beber, diferente e com um preço muito bom, em torno dos R$30 a 33,00. Mas não é sobre o Pinotage que quero falar e sim sobre o Lesca, um branco elaborado com Chardonnay. Bem, não é bem do Lesca, porque estava esgotado, mas de seu irmão, o Bom Vallon Chardonnay Sur Lie 2007.

                 Eu que adoro vinhos brancos bem minerais e com boa acidez, em especial os Chablis, me encantei com este delicioso vinho. Fermentado em tanques “Sur Lie”, sem passagem por madeira gerando um vinho extremante elegante, muito fresco e refrescante. O teor alcoólico, apesar de alto para um vinho branco, em torno de 14º, não se nota em nenhum momento tamanho seu equilíbrio, passando, raspando, por meu teste da Terceira Taça. Vibrante com grande mineralidade, maçã verde, algo de limão, com muita delicadeza como que se acariciasse a boca com vagas de prazer. Não é um vinho de guarda, talvez dois a três anos, devendo ser tomado jovem com frutos do mar, ostras, peixes pouco condimentados, ou até como aperitivo, pois é um vinho leve e suave. Muito agradável, é mais uma boa dica do Luiz, mesmo que indiretamente, de que gostei muito. Agora, assim que der ($), tenho mesmo é que provar o Lesca!

  • Produtor – De Wetshof Estate.
  • Importador – Mistral
  • Região – Robertson Valley, Southern Cape
  • País – África do Sul
  • Composição uvas – 100% Chardonnay.
  • Detalhes Produção – Fermentado em tanques, Sur Lie por alguns meses e remexido semanalmente.
  • Teor de álcool – 14º.
  • Safra – 2007.
  • Preço médio em Abril/08 – R$50,00
  • I.S.P –  

Vinhos do Alentejo

                 Eis uma lista, da Blue Wine, dos TOP 25 vinhos Alentejanos de 2007, com alguns comentários pessoais.

No topo da lista três vinhos com 18 pontos numa escala de 20; Incógnito 2004, vinho ícone da vinícola Cortes de Cima, produzido com Syrah (Adega Alentejana), Montes Claros Reserva 2004 e o Vinhas da Ira um grande e potentíssimo vinho, sobre o qual ainda falarei, trazido pela Lusitana. O interessante aqui é a disparidade de preços, lá. O Incógnito custa em torno de Euros 47,50, o Vinhas da Ira por volta de Euros 18,00 e o Montes Claros, meros Euros 5,20!! Adivinha o que vou comprar?

A seguir com 17,5 pontos, mais cinco rótulos; Dona Maria Reserva 2004 (Épice), Herdade do Meio Garrafeira 2003, Quinta da Amoreira da Torre reserva 2004, Quinta do Carmo Reserva 2003 (Mistral), Vale do Ancho Reserva 2004 (Adega Alentejana) e o Vila Santa 2005 (Casa Flora). Este ultimo, um belíssimo vinho que me encantou e que lá custa em torno de Euros 11,00, o que é mais uma grande pedida.

Mais abaixo com 17 pontos, um total de quatro rótulos. Bombeiro do Guadiana Escolha Syrah 2004, Herdade de São Miguel Reserva 2004 (Grand Cru G.Viana), Olho de Mocho Reserva 2004 e Pontual Reserva 2004.

Com 16,5 pontos, os “últimos” doze rótulos. Alfaraz Reserva 2003, Altas Quintas Crescendo 2005, Altas Quintas Reserva 2004 (Decanter), Couteiro-Mor Reserva 2004 (Adega Alentejana), Duas Castas 2006 Branco (Qualimpor), Fonte Mouro Garrafeira 2004, Herdade das Pias Tinta Caiada & Trincadeira 2005, Monte da Penha Gerações Reserva 2004 (Vinea Store) que provei hoje e realmente é um vinho de grande qualidade, Monte Seis Reis Syrah 2004 (Almeida Garret), Pêra Manca 2005 Branco (Adega Alentejana), Reguengos do Souzão Reserva 2004 e Torre do Esporão 2004.

                   Existem um monte de ícones da região que não constam da lista, como Tapada de Coelheiros, Mouchão, T de Terrugem, etc., seja porque não foram provados ou por qualquer outra razão que não a de qualidade, pressuponho. De qualquer forma, existem dois rótulos que, obrigatoriamente, teriam que estar aí por se tratarem de vinhos com muita qualidade sem que se sejam considerados ícones, ainda. O Malhadinha 2003 (Épice) e o Herdade do Pinheiro Reserva 2003 (Beirão da Serra) que são uma maravilha. Veja algumas rotas do vinho no Alentejo na figura abaixo ou clique aqui em Vinhos do Alentejo.

Champagne amplia sua área.

 

                Finalmente! Depois de dois anos de estudos, análises e avaliações, bateram o martelo no INAO ( Institut National des Appelations d’Origine), órgão que regula a produção de vinhos na França. A Região de Champagne será expandida das presentes 319 para 357 comunas ou aldeias com a adição de 40 novas. Sei a conta não bate, mas é que duas das comunas antigas foram descredenciadas, sendo que uma ainda apela da decisão. A Região de Champagne teve sua presente demarcação AOC (Appellation d’Origine Contrôlée) definida em 1927 com 319 comunas e cerca de 15.000 vinhedos instalados em 33,500 hectares. A previsão é de que, com a nova demarcação, serão adicionados mais uns 4000 hectares. Como o INAO ainda não anunciou as novas comunas, deve fazê-lo nos próximos dias, fica difícil definir exatamente em quanto a área aumentou. O que se sabe é que, se o se o vinhedo do “azarado” estiver no lado errado da nova divisão, o preço por hectare ficará como está, ao redor de 5000 Euros. Agora, se o produtor for abençoado e estiver, no lado da “nova Champagne”, parabéns, ele acabou de ganhar na loteria, pois a previsão é de que o preço do hectare subirá para algo ao redor de 1 milhão de Euros!

                 Para quem espera ver mais champagne, novas marcas e preços mais baratos no ano que vem, calma e relaxe na poltrona porque qualquer alteração de mercado, se é que existirá, ainda vai demorar muito. A previsão é de que não haverá acréscimo de produção nesta região, por, pelo menos, mais uns 10 anos e a demanda segue sendo altíssima. Só na China com aumento da demanda em cerca de 30% e da Rússia com 40%, a capacidade de produção certamente será facilmente tomada. Nos dias de hoje são ao redor de 330 milhões de garrafas produzidas anualmente, com cerca de 45% deste volume sendo exportado, resultando em aproximadamente 2.4 bilhões de Euros de faturamento externo. Enquanto o volume das exportações aumentou algo por volta de 4%, o valor exportado pulou aproximadamente 10%! Ou seja, caso a demanda siga crescendo, como se prevê, neste países “noveau riche” onde não interessa o preço, o negócio é consumir, então a previsão é de que, os produtores seguirão ganhando muito e nós pobres mortais pagando cada vez mais caro. O que se vai conseguir, clima permitindo, é garantir o abastecimento destes néctares para nossos filhos. Quanto aos netos, esses já não sei! Sugestão, aproveite bem a qualidade de nossos deliciosos espumantes nacionais por uma fração do preço.  Salute e kanimambo.

Imagens News from Champagne, gentilemente cedida por:  Eric Anderson da www.GrapeRadio.com