Espumantes Nacionais – Degustando às cegas

               Há poucos dias, tive a grata satisfação de participar de uma degustação às cegas de espumantes nacionais, na Portal dos Vinhos que, para quem ainda não conhece, é uma loja simpática, com bons preços e muito bem montada, ali no Morumbi, atrás do Open Center próximo ao condomínio Portal em São Paulo (detalhes em “Onde Comprar”). Primeiramente, para não pairarem duvidas sobre degustações às cegas, não, não se degusta com viseira / tapa-olho ou coisas do gênero. Brincadeiras à parte, as garrafas têm sua identidade escondida por um pano, papel alumínio, qualquer coisa que evite que o degustador possa ter visão do que está provando e, desta forma, esteja isento de quaisquer influências externas à bebida em si. Isto posto, vamos ao que interessa e razão de ser deste post. Dentro os vários estilos de espumantes provados, Moscatel, Rosé e Brut, é sobre este últimos que quero me estender. Tínhamos quatro rótulos a provar;

  • Vallontano Brut – método charmat, corte de chardonnay e pinot noir.
  • Pizzato  Brut 2007- método champenoise, corte de chardonnay e pinot noir.
  • Dal Pizzol Brut, o qual estava muito curioso para conhecer, método champenoise, corte de chardonnay, pinot noir e sylvaner.
  • Marco Luigi Reserva da Família 2005 também método champenoise, mas um corte de chardonnay, pinot noir e merlot.

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Para minha surpresa, todos já sabem o quanto gosto dos produtos da Marco Luigi, o embate foi vencido pelo Dal Pizzol Brut, inclusive com meu voto, confirmando as boas criticas que tenho lido, deixando quase que num empate técnico, o Marco Luigi e o Pizzato que, para mim foi uma enorme e grata surpresa, em segundo lugar (por apenas um pontinho em minha ficha de avaliação), e o Vallontano por ultimo, mesmo sendo o mais apreciado pelas senhoras presentes, desculpe Zé Roberto. Mais importante que o resultado, saber quem ganhou, creio que o importante é salientar a confirmação do quanto os nossos espumantes melhoraram, se destacando em qualquer prova internacional e, no quesito qualidade, dando um baile nos nossos hermanos Sul Americanos, Chile, Argentina e Uruguai.

                   Atingimos um nivel médio de qualidade, muito bom e, esta prova só veio comprovar isto. Olha que eu ainda não mencionei outros produtores como; Cave Geisse, que nosso amigo Leandro elegeu como o melhor do Brasil e eu, faltosamente, ainda não consegui provar, Casa Valduga que está com uma coleção grande de espumantes, provei o Prosecco Premium que está muito bom, o Salton Evidence, Marson Brut, Miolo Millésime, Chandon do Reserva Brut ao Excellence, etc. A nível geral, um ótimo padrão de espumantes que fica atrás de poucos no universo produtor mundial, com preços bem convidativos. Outro fator interessante, a criatividade Brasileira em ação tanto no Dal Pizzol como no Marco Luigi, com a adição de uvas não tradicionais no corte de espumantes, com resultados muito positivos.

            A pergunta que se faz quando se lê noticias como esta é; se não produzimos muito bons vinhos tranqüilos, especialmente brancos, como explicamos o nível de qualidade de nossos espumantes? É vero? Primeiramente sim, é verdade, nossos espumantes estão num ótimo patamar de qualidade. Quanto á busca de respostas à segunda pergunta, foi buscando respostas que me deparei com estas colocações do mestre Saul Galvão na edição de 06/12/2007 do caderno Paladar do jornal o Estado de São Paulo que, creio, elucidam bem a situação. “Os fatores que conspiram contra o vinho tranqüilo são, exatamente, aqueles que favorecem o espumante. Para um bom vinho de mesa, a uva deve amadurecer ao ponto ideal, armazenar bastante açúcar, acidez e cor nas cascas, no caso dos tintos. Quando o tempo ameaça, os agricultores cortam as uvas antes do tempo ideal, gerando vinhos de mesa com pouco álcool, pouca estrutura e alta acidez. Esses “defeitos” no vinho tranqüilo são virtudes para a elaboração de espumantes. È bom lembrar que a região de Champagne também é de clima difícil e seus vinhos tranqüilos não costumam ser atraentes”. Como ele diz, é na hora da adição das bolinhas que o “pato vira cisne”!

            Moral da história. Está esperando o quê para começar sua viagem pelos inúmeros rótulos de qualidade produzidos em nossa Terra Brasilis? Só aqui, já há pelo menos três dicas interessantes, mais os Cave Geisse que o Leandro tanto adora, meus posts anteriores sobre espumantes também trazem diversas outras sugestões, a internet está cheia de diversas provas e opiniões, é só querer. Que tal começar seus jantares com amigos, aquele bate-papo e carteado com um espumante? Não precisa esperar festa nem ocasião especial nenhuma, temos variedade, qualidade e preço que permitem que este néctares sejam mais comuns em nosso dia-a-dia, então vamos aproveitar! Tem para todos os estilos, gostos e bolsos, é só começar a viagem, os prazeres estarão garantidos por Bacco e nossos esmerados produtores. Salute!